Intervenção de Abertura da 8ª AORBE

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Miguel Madeira – Membro do CC do PCP, Responsável pela O.R. de Beja

 

 

Camaradas e amigos

Sabemos do falecimento do nosso camarada José Casanova, dirigente do nosso Partido, onde exerceu as mais diversas tarefas e responsabilidades. Prestamos-lhe homenagem, reafirmando o compromisso de prosseguir a acção do seu Partido de sempre, o nosso Partido Comunista Português. Viva o PCP!

 Camaradas e amigos

Saúdo antes de mais todos os delegados e convidados à 8ª Assembleia e, por vosso intermédio, todo o colectivo partidário da Organização Regional de Beja.

Uma palavra especial para os camaradas de Castro Verde que, juntamente com o contributo de muitos amigos, ajudaram a esta realização.

Quatro anos volvidos aqui nos reunimos hoje sob o lema “Um PCP mais forte. Com os trabalhadores e o povo. Organizar, Intervir, Lutar!

 

Mas não iniciamos hoje este trabalho. Esta Assembleia constitui um importante trabalho colectivo, destacando-se a sua fase preparatória, com a realização de 48 assembleias plenárias de militantes, com mais de meio milhar de participantes (reuniões com características, participações e níveis de discussão diferenciados), procurando chegar a todos os camaradas, discutindo o projecto de resolução política, recolhendo contributos para a enriquecer e melhorar, elegendo os delegados, debatendo as medidas necessárias para o reforço orgânico do PCP, analisando a situação política, económica e social do distrito, afirmando o projecto e as propostas do Partido para a região. Aqui estamos com a responsabilidade de, como delegados, representarmos as organizações que nos elegeram, para discutirmos e aprovarmos a Resolução Política e para eleger a Direcção da Organização Regional de Beja do Partido.

Camaradas

Os quatro anos decorridos entre Assembleias foram marcados por uma exigente e intensa iniciativa e acção partidária, caracterizada pelo desenvolvimento da luta dos trabalhadores e das populações contra a ofensiva da política de direita do Governo PS e depois pelo Governo PSD/CDS-PP, agravada pelo pacto de agressão assinado por estes três partidos com a troika, e caracterizada também pelo envolvimento em quatro importantes batalhas eleitorais.

Merece especial destaque o envolvimento dos comunistas nas muitas lutas, na região e a nível nacional no âmbito do movimento sindical unitário, para além das lutas dos trabalhadores e das populações na defesa dos seus direitos e interesses em torno de questões concretas que os afectam.

Para além das manifestações nacionais da CGTP-IN, são de destacar as quatro greves gerais realizadas em 2011, 2012 e 2013. E também a greve dos mineiros. No plano da região, para além das comemorações do 1.º de Maio, que têm potencialidade para uma maior afirmação e expressão de massas, são de relevar diversas acções como concentrações e desfiles, destacando-se pelas suas particularidades a Marcha contra o Desemprego em 2013.

No plano das populações, importa destacar as lutas contra o encerramento de serviços públicos, de que são exemplos mais significativos os protestos, concentrações e manifestações em defesa do Hospital de Serpa, dos postos dos CTT e da GNR de Safara, do posto dos CTT de Ervidel, de diversos serviços de Finanças e inúmeras escolas do 1.º ciclo do Ensino Básico em vários concelhos. Não deixando, naturalmente, de referir as importantes acções em defesa das freguesias. Merece ainda destaque a luta dos reformados, não só pela sua participação na manifestação nacional deste ano, mas sobretudo pelas acções realizadas no distrito (sessões públicas, concentrações, desfiles). No plano distrital, importa ressalvar, para além de acções locais, a expressiva concentração em defesa da saúde e o cordão humano realizados em Beja, assim como as massivas acções em defesa das ligações ferroviárias do comboio intercidades Beja-Lisboa-Beja e da electrificação da linha, e a marcha lenta em defesa do IP8 e do IP2. Referência ainda para um conjunto de acções significativas em defesa cultura na base do movimento “1% para a Cultura”.

Daqui saudamos os rendeiros do Estado na Herdade dos Machados, em Moura, e não só que, através da sua luta têm conseguido manter as suas explorações e resistido às investidas de diferentes governos. Com a sua luta, têm travado essa vontade do governo de os expulsar da terra que trabalham há mais de 30 anos. O recente anúncio de recuo do Governo demonstra que vale sempre a pena lutar. Esta resistência dos rendeiros do Estado é também uma resistência à implantação do domínio do agronegócio no aproveitamento de Alqueva, empreendimento vedado, por vontade do Governo, aos pequenos agricultores.

Nestes quatro anos realizaram-se também eleições de âmbito nacional para todos os órgãos para os quais os portugueses são chamados a votar: Presidência da República, Assembleia da República, Autarquias Locais e Parlamento Europeu, com importantes resultados obtidos pela CDU.

Todas estas batalhas, designadamente as eleitorais, permitiram o alargamento no contacto com muitos independentes que trabalharam connosco pela primeira vez e que importa ter em conta, não apenas nas eleições, não apenas ao nível autárquico, mas ganhá-los para luta.

O trabalho político unitário representa uma importante forma de ligação do Partido às massas e assenta no nosso trabalho com outros na prossecução de objectivos comuns, sendo um eixo estratégico da convergência e da unidade dos democratas e patriotas para a ruptura com a política de direita, por uma política patriótica e de esquerda, para a construção da alternativa política.

A realização de iniciativas mais dirigidas a democratas e patriotas, intitulada “Diálogo e acção por uma política patriótica e de esquerda”, precisam de ser multiplicadas e alargadas a mais concelhos.

De igual modo é fundamental a participação dos comunistas nas diversas expressões do movimento unitário (sindical, reformados, associativo, utentes, juventude, mulheres, paz, entre outros) onde a participação abrangente e unitária exige o necessário enquadramento político e partidário dos membros do Partido.

Na acção e iniciativa políticas destacam-se as romagens em homenagem a Catarina Eufémia e as iniciativas em torno do aniversário do Partido (incluindo o almoço regional do Alentejo de 2014, em Aljustrel).

Integradas nas acções e campanhas nacionais do Partido salientam-se as diversas sessões públicas e de esclarecimento realizadas, com enfoque nos dois comícios realizados em Beja com a presença do Secretário-Geral do Partido, em 2012 e 2014.

Não sendo uma realidade transversal a todos os concelhos, sublinha-se a realização de iniciativas partidárias diversificadas em torno da Revolução de Abril (com um enfoque especial este ano, no quadro do 40º aniversário) e da Grande Revolução Socialista de Outubro, entre outras.

De igual modo importa referir as muitas iniciativas de discussão, reflexão e afirmação das propostas do Partido como debates e tertúlias, promovidos pelas organizações do Partido, sobre matérias e assuntos muito diversificados. No plano regional destacam-se os debates em torno da iniciativa “Portugal a Produzir” sobre agricultura, energias renováveis e recursos mineiros, em 2011, sobre “O Sector Mineiro e a fileira industrial – alavanca para o desenvolvimento local, regional e nacional”, realizado em 2013, e o debate sobre a situação internacional realizado em 2014.

Devemos ainda destacar iniciativas como a Audição Parlamentar sobre Reorganização Curricular e as Jornadas Parlamentares em Beja, em 2012, e a Audição Pública sobre Saúde realizada em 2014.

No que diz respeito a iniciativas de âmbito do Alentejo, sublinha-se, em 2011, o acolhimento no distrito da “Sessão Pública – Água e Recursos Hídricos no Alentejo”, em Alvito, e da 4.ª Assembleia Regional do Alentejo do PCP, em Serpa.

Durante o ano de 2013 assumiu particular relevância o Centenário do Nascimento de Álvaro Cunhal. No distrito realizaram-se mais de meia centena de iniciativas, das quais cerca de três dezenas por iniciativa própria do Partido, chegando a milhares de pessoas. Das iniciativas realizadas destacam-se exposições, debates, bancas de livros, projecções de filmes, espectáculos e apontamentos musicais e culturais, toponímia – tudo isso sob o lema "Vida, Pensamento e Luta: exemplo que se projecta na actualidade e no futuro".

Camaradas e amigos

Uma das questões que, de forma geral, esteve presente em todas as assembleias plenárias realizadas é a organização do Partido e a importância de dela cuidarmos e a reforçarmos, enquanto meio indispensável na nossa luta pela transformação revolucionária da sociedade.

A Organização Regional de Beja conta actualmente com 3.179 militantes.A maioria, 72%, são operários e empregados. A camada etária com mais peso é a dos militantes com mais de 64 anos, que representam 42%, e cerca de 17% dos militantes têm até 40 anos. As mulheres representam cerca de 30% do total dos militantes.

Cerca de 90 % dos camaradas estão organizados pelas organizações de local de residência, existindo 28 comissões de freguesias e 13 organizações de freguesia que funcionam em plenário e 3 organizações de reformados com organismos de direcção. Há também 3 concelhos a funcionarem em plenário. Esta percentagem significa que temos um deficit relativo à organização por local de trabalho, o que constitui, assumimos, na Proposta de Resolução Política, tal como em todo o partido, como a prioridade do nosso trabalho.

Nestes quatro anos realizaram-se 26 assembleias das organizações, sendo 5 concelhias, 15 de organizações locais, 4 de empresas e locais de trabalho e 2 de reformados.

Camaradas

A força do partido reside na capacidade e na ligação das organizações, dos seus organismos dirigentes e quadros aos trabalhadores e às populações e aos seus problemas concretos.

A militância tem um papel decisivo na força do Partido. É a principal fonte de capacidade de intervenção do PCP, que será tanto maior quanto mais militantes estiverem conscientes de que a força do Partido é determinada pela acção dos seus membros no quadro do colectivo partidário, assumindo a militância como imperativo político, cívico e social. 

Nós precisamos da organização para a luta, e é também na luta que se reforça a organização. Organizações que não analisam e não discutem a vida dos trabalhadores e do povo não cumprem de forma suficiente o seu papel. 

Organizações que não dão atenção ao seu funcionamento interno, não se empenham em resolver as tarefas do recebimento da quota aos seus militantes, da venda e leitura dos materiais e imprensa do partido, ao tratamento adequado da propaganda e das demais tarefas indispensáveis a uma vida e actividade regular, também não estão a cumprir como devem o seu papel.

Precisamos ainda de estudar e conhecer de forma mais rigorosa a realidade em que actuamos e, designadamente, as alterações económicas, sociais e culturais que se operam no distrito de Beja e em cada uma das nossas localidades e locais de trabalho, para melhor intervir.

Camaradas

A organização partidária no distrito estrutura-se em 65 organismos com mais de 400 camaradas com responsabilidades dirigentes, desde a DORBE às comissões concelhias, e células de empresa ou local de trabalho, passando por comissões de freguesia, comissões locais e organismos específicos para a organização, o trabalho autárquico, os fundos, as empresas, os reformados.

 

Contamos com centenas de quadros que actuam aos mais diversos níveis da estrutura partidária e das frentes de luta, assegurando a actividade empenhada do colectivo, sem os quais não seria possível dar resposta às múltiplas tarefas que se colocaram e colocam aos comunistas do distrito de Beja.

 

Nestes quatro anos foram responsabilizados mais de 100 novos camaradas e destes cerca de 40% são jovens até aos 35 anos. O melhor conhecimento dos quadros, a sua formação ideológica, as suas motivações ou objectivos, o seu acompanhamento, a sua integração em organismos, são aspectos essenciais para que eles revelem o mais plenamente possível as suas qualidades e se anulem ou quebrem os traços menos bons, adquiram experiência, vença m as dificuldades, para que adquiram mais confiança em si próprios e desenvolvam capacidades de iniciativa, no quadro do trabalho colectivo.

No plano do reforço do Partido, e projectando-se no futuro imediato, a campanha de recrutamento, que decorre até Março, e para a qual há enormes potencialidades, assume particular relevância. Precisamos de intensificar contactos, considerando esta tarefa uma preocupação permanente de todos e de cada um de nós, acolhendo os novos membros e aproveitando toda a sua energia, vontade e disponibilidade para o trabalho e para a luta. E procurar ir mais longe do que os 206 recrutamentos feitos entre Assembleias.

De igual forma temos pela frente a campanha de contactos com os militantes e de elevação da militância que prevê entregar o novo cartão, recolher quotas, activar disponibilidade para tarefas. Não é o simples mas necessário acto de actualizar dados mas um contributo mais eficaz para elevar a militância geral, como forma de reforçar a intervenção do Partido. Esta tarefa é estruturante e constitui umas das principais prioridades do nosso trabalho. Estamos apenas com cerca de 25% do trabalho realizado. Precisamos de avançar mais, de ver os camaradas indicados para este trabalho, de reservar dias e organizar equipas para esta acção, procurando dar um salto quantitativo e qualitativo, em especial até ao fim do ano. Nesse sentido está decidido também concentrar esforços a nível regional nesta tarefa já na semana entre 23 e 30 de Novembro.

 

E a campanha nacional de fundos “Mais espaço, mais Festa. Futuro com Abril. Avante com a campanha.” para aquisição da Quinta do Cabo, junto à Quinta da Atalaia e para a qual precisamos desde já de assumir os nosso compromissos e de ganhar outros, no Partido e fora dele, para que contribuam. Os objectivos estão assumidos, os materiais estão em distribuição, falta o resto. Mãos à obra!

 

Com as medidas propostas para o reforço orgânico do Partido e da sua capacidade de intervenção, estamos a construir um PCP mais forte. Com as propostas que apresentamos para o desenvolvimento do distrito de Beja ancoradas no conhecimento da realidade, estamos a contribuir para a afirmação da região. Com uma política de classe e de defesa intransigente dos interesses da classe operária, dos trabalhadores e do povo, o PCP, com a realização da sua 8.ª Assembleia da Organização Regional de Beja, cumpre o seu papel de organizar, intervir e lutar por uma política alternativa, patriótica e de esquerda, e por uma alternativa política que, com base nos valores de Abril, se insira no caminho da construção de uma democracia avançada, rumo ao socialismo e ao comunismo.

 

Viva a Juventude Comunista Portuguesa!

 

Viva o Partido Comunista Português!