MAIS VALE TARDE DO QUE NUNCA, OU ANTES CEDO DO QUE TARDE?

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relogio

Mais vale tarde do que nunca, é uma expressão popular muito usada. Podíamos utilizá-la para assinalar a abertura de troço da A26 ao público, anos após a conclusão da obra e cujo processo revelou a forma como os governos do PSD/CDS e do PS têm tratado a nossa região.

 

Podíamos referi-la a propósito da indispensável ligação entre o Alqueva e o Monte da Rocha que o Partido Socialista recusou no passado e vem agora proclamar como uma obra importante (e de facto é) para contribuir para melhorar a gestão dos recursos hídricos na região

Podíamos usá-la abordando a posição de responsáveis do Partido Socialista que referem agora como necessária a construção do IP8 entre Sines e Vila Verde de Ficalho, quando todos sabemos que este Partido tem ignorado esta pretensão perfeitamente legítima e pertinente. Tal como não tem concretizado a eletrificação da linha ferroviária entre Casa Branca e Beja e a retomada das ligações entre Beja e Funcheira.

Podíamos repeti-la acerca do posicionamento do PSD no distrito quando agora reconhecem que é “um facto que o PSD não deu expressão àquilo que eram as necessidades da região entre 2011 e 2015 em matéria de acessibilidades” tentando depois distrair as atenções com a confusão entre o que são responsabilidades autárquicas e o que são responsabilidades por políticas nacionais e regionais.

E podíamos também recordá-la com toda a propriedade citando o que vem escrito no documento da autoria de António Costa Silva denominado Visão Estratégica para o Plano de Recuperação que na sua página 21 refere que “o modelo de desenvolvimento económico e social atual, baseado no consumo exponencial de recursos, na concentração da riqueza, no aumento galopante das desigualdades e na crescente destruição ambiental, não é sustentável e deve ser mudado”, ou na página 75 que “as visões liberais extremistas que prevaleceram no passado conduziram o país à perda de grande parte da sua indústria e a um certo culto de desprezo pelos recursos nacionais.”

Pois é, o tipo de afirmações citadas, estão em linha com tudo o que o PCP tem criticado e com o que o PCP tem proposto para a região e para o País. É o que alguns referem como ter razão antes do tempo.

Mas o que se impõe na atualidade é de facto uma rotura com a política de direita e cujas consequências agora desveladas e agravadas pelos efeitos da pandemia se tornam mais evidentes. Uma política que assente no aproveitamento dos recursos e potencialidades locais. E que passa pela conjugação de medidas imediatas que devem ter expressão na elaboração de um Plano de Emergência Económica e Social que salvaguarde direitos e rendimentos, que ataque as principais debilidades e carências da região, e pela elaboração de um Plano de Apoio à Base Económica, aliado a um Programa de Infraestruturas Públicas que garante o nosso futuro concretizando investimento fundamentais. E para isto não se deve aplicar o “mais vale tarde do nunca”. Porque não podemos perder mais tempo, o que se impõe é o “antes certo do que tarde”.

Antes cedo do que tarde para concretizar: o IP8 em toda a sua extensão entre Sines e Vila Verde de Ficalho, com 4 vias e sem portagens e priorizando desde já a ligação a Beja, com interligação ao Aeroporto; a melhoria geral das acessibilidades no distrito e a melhoria da mobilidade repondo desde já todas as carreiras de transporte rodoviária interrompidas e alargando a novas ligações permitindo a deslocação em adequadas condições sanitárias e de segurança; a eletrificação da linha ferroviária entre Casa Branca e Beja (incluindo nó de ligação ao Aeroporto) e posteriormente entre Beja e Funcheira, com reposição de ligações e assegurando assim uma adequada ligação da região com Lisboa e o Algarve; o aproveitamento do Aeroporto como infraestrutura fundamental para o desenvolvimento do distrito e da região; a construção da segunda fase do Hospital Distrital de Beja, a melhoria gradual dos centros de saúde e a reabertura das extensões que foram indevidamente encerradas; e a realização de intervenções de melhoria da rede escolar, a nível das instalações e dos equipamentos incluindo as redes digitais.

Estes são apenas alguns exemplos, pois muito mais há a fazer. E para os concretizar devem ser mobilizadas as vontades e os recursos indispensáveis. E o Plano de Recuperação até pode ser um importante instrumento. É pena que na sua primeira versão as tenha ignorado. Mas nós cá estamos para os lembrar e para lutar pela sua concretização.